Editorial:
artigo de opinião em que se discute uma questão ou assunto, apresentando-se o
ponto de vista do jornal, da empresa jornalística ou do redator-chefe, da
emissora de rádio ou televisão ou do responsável pelo programa. É também
conhecido como artigo de fundo. Não vem assinado, diferentemente dos artigos de
opinião.
"A mulher no poder"
Carregada
de simbolismos e desafios, a chegada da primeira mulher à Presidência da
República marca a história do País. Do alto dos mais de 55 milhões de votos,
Dilma Vana Rousseff conquistou neste domingo 31, aos 62 anos, a condição de 36º
ocupante do cargo. É a 19ª vez que a escolha foi feita pelo voto direto. E a
ascensão de Dilma completa alguns ciclos importantes na trajetória política do
País. Há exatos 25 anos era decretado o fim do regime militar, contra o qual
ela lutou, pegando inclusive em armas para resistir à ditadura. Com Dilma, a
geração que nos anos 60/70 defendeu ideias revolucionárias finalmente assume o
poder. Já se vão mais de oito décadas desde que as primeiras mulheres obtiveram
o título de eleitor e o direito a votar. E de lá para cá o colégio eleitoral
assumiu uma condição majoritariamente feminina – neste ano, 70,3 milhões de
eleitores são mulheres, cinco milhões a mais que os homens, ou 51,8% do total.
É um sinal importante.
O
Brasil, que por séculos subjugou o papel feminino, que ainda hoje ignora
direitos básicos da mulher e lhe impõe a injustiça financeira e profissional no
mercado de trabalho, colocou uma delas no posto máximo da Nação. Já não era sem
tempo. Grandes mulheres no último século estiveram no comando e fizeram a diferença.
De Indira Gandhi, na Índia, a Golda Meir, em Israel, passando por Margaret
Thatcher na Inglaterra, muitas deixaram a marca de estadistas. Na nova geração,
Dilma vem se unir a Angela Merkel, da Alemanha, e Cristina Kirchner, da
Argentina – além de Michelle Bachelet, do Chile, que acaba de deixar o posto –
como dirigentes-chaves a influir nos destinos globais.
Sem
precedentes, Dilma tomará posse como primeiro mandatário a contar com uma
maioria absoluta de deputados e senadores aliados, conquistada diretamente nas
urnas e não através do balcão de negócios fisiológicos do Congresso. Assim a
ex-guerrilheira, a ex-ministra de Lula, a técnica detalhista, a aluna aplicada
do Colégio Sion, a menina da burguesia mineira terá condições excepcionais para
governar. Levada ao poder pelas mãos de um líder carismático e no bojo de uma
economia que segue com resultados promissores, ela encontrará também enormes
batalhas pela frente. Na liturgia do cargo terá de unificar correntes, driblar
preconceitos e encaminhar as esperadas – e necessárias – reformas política e
tributária. Nesse último aspecto, brasileiros de todas as vertentes e credos
almejam que, pela primeira vez de fato, um chefe de Estado tenha coragem e
disposição de rever a complexa estrutura de impostos, que hoje faz do governo
sócio em quase metade de tudo produzido aqui. Só assim será possível garantir a
permanência do País no trilho do desenvolvimento e da equidade social.
É
bem verdade que a vitória de Dilma pode se explicar em parte pela inclusão –
com quase 30 milhões de novos consumidores incorporados à economia –, mas essa
ainda é uma Nação injusta, dividida, pobre e com atrasos latentes em várias
áreas e regiões. Uma boa perspectiva e esperança se abrem com a promessa da
presidente eleita de escalar como a maior de suas metas a erradicação da
pobreza. Pelo perfil técnico e absolutamente pragmático na tomada de decisões,
Dilma carrega reais chances de conduzir, com equilíbrio e eficiência, a gestão
da coisa pública. Mas precisa mitigar a imagem que lhe foi imputada de uma
administradora a favor do Estado inchado e controlador e, acima de tudo,
estabelecer uma marca de realizações que a diferencie daquela mitificada e
incandescente do seu mentor.
Interna
e externamente, há um longo trabalho a realizar. O mundo já vê o Brasil com
olhos bem diferentes, dentro do prisma de desenvolvimento acelerado e das
reformas sociais em andamento. E com Dilma aguardam uma política externa mais
pragmática, menos ideológica e passional, sem a preocupação de um protagonismo exacerbado.
No plano nacional, o discurso de união terá de entrar imediatamente na ordem do
dia. E ela já sinalizou com isso. Na mensagem de vitória, pregou a necessidade
de diálogo com a oposição, de um projeto conciliador que consolide o Brasil
entre as maiores repúblicas democráticas do mundo. Por esse caminho, Dilma
começa bem.
RESPONDA
AS QUESTÕES ABAIXO DE ACORDO COM O TEXTO ACIMA:
1ª) Qual o tema desse
editorial?
2ª) Qual o número de
votos recebidos por Dilma?
3ª) O editorial fala de
algumas conquistas importantes para a democracia brasileira. Destaque essas
conquistas e explique como a vitória de Dilma se insere nelas.
4ª) Indique algumas
mulheres que, nos últimos anos, conquistaram cargos importantes no poder.
5ª) Que desafios a
presidente terá, segundo o editorial?
6ª) Por que o editorial
afirma que a presidente começa bem o seu futuro governo?
Olá! Gostaria de ter acesso ao Gabarito. Se possível, pode enviar ao meu email: lilia.armani@yahoo.com.br. Obrigada!!
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